Fonte: CSPConlutas
Latuff e o mito do antissemitismo
Conhecido mundialmente por suas charges em favor do povo palestino, o cartunista brasileiro Carlos Latuff teve seu nome incluído entre os dez maiores antissemitas do globo. A lista foi divulgada no dia 27 de dezembro último pela ONG Simón Wiesenthal. Uma ilustração que criticava o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por aproveitar-se eleitoralmente dos ataques a Gaza em novembro do ano passado lhe valeu a indicação para a terceira colocação. Como o próprio Latuff teria afirmado em seu twitter, não surpreende. “A tentativa de associar críticas ao Estado de Israel com antissemitismo já vem de longe.”
De fato, essa tem sido uma arma para silenciar a oposição às políticas segregacionistas e expansionistas que integram o projeto sionista de colonização de terras palestinas desde sempre. A confusão deliberada entre antissionismo e antissemitismo (discriminação contra semitas) é parte da propaganda israelense para manter o regime de apartheid que tem aprofundado.
Nesse sentido, a injusta inclusão de Latuff é mais uma oportunidade de desmistificar essa falácia, ao que a comunicação independente tem papel fundamental. Mais uma vez se demonstra a atualidade do tema que foi objeto de roda de conversa com o cartunista, promovida pela Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada, durante o Fórum Social Mundial Palestina Livre, em novembro último. Para desconstruir esse discurso ideológico, os espaços de mídia livre são arena importante.
Em sua resposta à ONG Simón Wiesenthal, Latuff denuncia: “A organização, que leva o nome de um célebre caçador de nazistas, sob o argumento da proteção aos direitos humanos e combate ao antissemitismo, promove a agenda da política israelense…” Também em sua página na rede social, ele aponta que sua citação não é por acaso: “É uma estratégia do lobby pró-Israel associar de maneira maliciosa críticas ao Estado de Israel com ódio racial/religioso, numa tentativa de criminalizar a dissidência. Crítica ou mesmo ataque a entidade política chamada Israel não é ódio aos judeus, porque o governo israelense não representa o povo judeu, assim como nenhum governo representa a totalidade de seu povo. Essa não foi a primeira vez, nem será a última que tal incidente acontece, e por entender que tais acusações são orquestradas por quem apoia a colonização da Palestina, seguirei com minha solidariedade ao povo palestino.”
Uma petição em defesa do cartunista brasileiro e pelo fim da manipulação do antissemitismo para fins políticos está disponível no link:
http://www.avaaz.org/po/petition/Pelofimdamanipulacaodoantissemitismoparafinspoliticos/