O mês de agosto foi marcado por demissões em série no grupo de comunicação O Povo. As empresas do grupo demitiram cerca de cem trabalhadores de todos os setores: rádio, jornal e TV.
A empresa não emitiu um comunicado oficial, mas alguns demitidos informaram ao Sindicato dos Gráficos (Sintigrace) que o critério para as demissões era o trabalhador ter algum tipo de renda. Trabalhadores com mais de 20, 30 anos de casa ganharam o “bilhete azul” somente pelo fato de serem aposentados. “Não interessou a empresa se o trabalhador era excelente profissional, ou se passaram anos de vida sendo explorados para a empresa construir e manter o nome que hoje ostenta no Ceará”, declarou Rogério Andrade, presidente do Sintigrace.
Entretanto, segundo Andrade, o fato mais curioso aconteceu na gráfica do jornal. “Durante a greve dos gráficos, entre maio e junho passado, o jornal O Povo confinou trabalhadores na oficina, oferecendo condições de trabalho que a empresa não oferecia na mesa de negociação salarial, os que não caíram no ‘canto da sereia’ foram ameaçados de demissão”. Porém, segundo o presidente, quando a greve acabou e a empresa anunciou o corte, os primeiros demitidos foram exatamente os que furaram a greve dos gráficos de jornais e revistas, “um prêmio macabro para quem traiu a categoria”, finalizou Andrade.
O presidente lembra que durante a atividade sindical, os dirigentes, passam o tempo todo avisando aos trabalhadores que os patrões são inimigos de classe e que mais cedo ou mais tarde, com ou sem motivos, demitem os trabalhadores. “É preciso, que o trabalhador não acredite nas falsas promessas dos patrões, para não acontecer igual aos companheiros do jornal O Povo que não nos ouviram, e agora estão sentindo o peso da realidade” indigna-se o Secretário de Formação do Sintigrace Juarez Alves.