Relações de trabalho mudaram após greve de 1917, 1923 e de 1929
Imagine trabalhar quase 100 horas semanais. Esta era a realidade dos empregados no começo do século passado no Brasil. Eles tinham que cumprir uma carga semanal de 14 horas por dia sem direito a folga. O trabalho era de domingo a domingo. Esta história de injustiça social só foi mudada através da coragem e discernimento do operariado brasileiro que lutou bravamente contra o poderio político-econômico e a repressão policial durante o processo de industrialização nacional. Neste período, onde os trabalhadores gráficos contribuíram significativamente, ocorreu relevante organização e politização da classe operária. Os trabalhadores promoveram expressivas greves contra a opressão praticada, a exemplo da greve de 1917 e de 1929 – consideradas marcos na história sindical.
Por todos os cantos, ganhava corpo a luta pelo fim de tanta exploração, quando em 1917, explodiu o primeiro conflito expressivo e organizado pelos trabalhadores contra o Estado em busca de direitos. Foi uma verdadeira explosão sindical. O maior líder da história dos gráficos, João da Costa Pimenta, coordenou o comitê desta greve geral, considerado o movimento paredista mais consciente da classe trabalhadora. Muitos foram presos e perseguidos pela polícia, mas o movimento só crescia.
Por analogia, vale ressaltar que trabalhar 100 horas semanais era quase uma prisão. Dessa forma, os grevistas continuavam reivindicando a redução da jornada de trabalho e o descanso semanal remunerado, além da inclusão da hora extra em 50%. Lutavam ainda pelo direito de fazerem greve, o que era proibido, bem como de se organizarem em sindicatos para exigirem seus direitos. Frente à unidade e mobilização, os trabalhadores foram vitoriosos. Conquistaram a promessa de redução da jornada para 48 horas semanal, além de 20% de reajuste salarial e outra promessa do governo em libertar os presos do conflito. Este movimento desencadeou uma forte onda de greves pelo país até 1920.
Outro importante movimento paredista do início do século passado foi a greve de 1929. Antes, porém, houve a significativa greve dos gráficos (1923), onde consolidou para o trabalhador o direito da organização sindical, através da UTG – União dos Trabalhadores Gráficos, dentre outros avanços. Entretanto, dando um salto na história, será exaltada a contribuição da categoria no evento de 1929. Esta greve durou 72 dias. Ela foi a mais longa da história e contribuiu na pressão necessária junto à classe política da época para que posteriormente servisse de base para promulgação da legislação trabalhista.
No entanto, o cumprimento da Lei de Férias, promulgada pelo ministro Arthur Bernardes e não acatada pelos patrões, foi uma das principais reivindicações da classe operária na greve de 1929, como também o reajuste salarial e o piso mínimo. A atitude dos trabalhadores despertou a ira dos patrões e a perseguição policial continuou forte, mesmo com os avanços ao longo dos anos. Os dirigentes sindicais eram obrigados a se reunir com os trabalhadores em locais secretos, descentralizados da sede dos sindicatos, para evitar as represálias. A polícia continuava destruindo os galpões onde continham os alimentos dos grevistas.
Para desestimular o movimento, os patrões infiltraram ‘fura-greves’ e buscavam contratar funcionários de outras cidades. Porém, mesmo assim, a categoria gráfica continuou firme, mas, os trabalhadores foram obrigados a negociar por empresas individualmente, reduzindo a força do movimento, na medida em que os acordos eram aceitos. Após garantir aumentos salariais e algumas conquistas específicas, a greve foi perdendo força até o seu término sem conseguir tornar válidas as poucas leis trabalhistas já aprovadas. No entanto, vale ratificar que o movimento cumpriu relevante contribuição social. A greve problematizou o debate e a mobilização social sobre a necessária adoção de políticas públicas na área trabalhista, as quais foram criadas posteriormente por meio de legislação específica.
Este é o legado de lutas que temos que consolidar e ampliar.
Cabe a cada um de nós Dirigente Gráfico levar adiante estas jornadas de lutas com o objetivo de buscar garantias e ampliar novas conquistas.
Neste dia 7 de Fevereiro em que comemoramos 91 anos do Dia Nacional do Trabalhador Gráfico, queremos parabenizar a todos os trabalhadores gráficos deste rincão brasileiro e de todos os trabalhadores gráficos integrantes de UNI Gráficos Sindicato Global.
É muito importante ter claro que ser um trabalhador gráfico não é tarefa fácil, requer muito empenho e capacidade tecnológica, mas lamentavelmente na maior na parte das vezes somos totalmente desvalorizados por este capital que só visa o lucro pelo lucro, e cabe somente a nós lutarmos para mudar e reverter este cenário de desvalorização profissional.
MAS É MUITO GOSTOSO E PESSOALMENTE GRATIFICANTE SER UM PROFISSIONAL GRÁFICO.
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, da Comunicação Gráfica e dos Serviços Gráficos – CONATIG;
Federação dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, da Comunicação Gráfica e dos Serviços Gráficos do Estado de São Paulo;