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Dia de festejar e refletir como agir junto com a classe gráfica em prol das trabalhadoras

mulherEmbora no conceito patronal os dados comprovam que a mulher é muito mais produtiva e eficiente que os homens no processo produtivo, a sua remuneração e valorização profissional é sempre inferior aos homens. Apesar de contraditório, essa e outras desigualdades se perpetuam no mundo laboral, mesmo depois da luta e do assassinato de 129 tecelãs queimadas dentro de uma fábrica nos EUA no dia 8 de março de 1857 – data que originou posteriormente o Dia Internacional da Mulher. Esta contradição não é diferente com as trabalhadoras gráficas no Brasil. E o caso chama atenção da Confederação Nacional da classe (CONATIG). O órgão avalia que a conjuntura injusta só atenuará com a busca por ações efetivas dos sindicatos e trabalhadoras junto com a sua classe profissional para mudar as discriminações e preconceitos nas empresas.

“A justa homenagem pelo Dia Internacional da Mulher neste dia de hoje (8 de março) não pode servir só para reverenciarmos a história de luta, mas tem de servir como exemplo e legado e reflexão para os dias atuais e pensarmos em trabalhar e planejar uma ação sindical efetiva para as trabalhadoras gráficas”, diz Leonardo Del Roy, presidente da CONATIG.

O dirigente lista pontos que julga necessários para se refletir e organizar a luta por meio de ações sindicais práticas e urgentes. A desvalorização da profissional é um item generalizado, mas também demos o problema constante do assédio sexual e da violência moral, que ocorre em grande escala dentro das empresas. Além disso, existe ainda um problema bastante generalizado, bem grave e pouco falado: são as incidências de Lesões por Esforços Repetitivos no trabalho, a exemplo do LER/Dort.

“Este tem sido um grande problema contra as trabalhadoras gráficas, mas ele não reflete a realidade dos casos, pois, infelizmente, é comum o silêncio entre as profissionais, diante do medo do desemprego, em comunicar sua enfermidade e as dores constantes por uma falta de processo ergonômico”, realça Del Roy. Por outro lado, o dirigente relata que é comum também a prática das empresas em maquiar as lesões por meio de expedientes que muitas vezes, por pressão ora velada ora não, constrange as próprias trabalhadoras, as quais ficam acuadas.

Outra questão que aflige as trabalhadoras gráficas tem relação junto à Previdência Social. A autarquia encontra dificuldade de se estabelecer um nexo causal que seja preenchido enquanto Doença do Trabalho. Esta situação faz com que, invariavelmente, mesmo bastante doente, precisando se ausentar por mais tempo do serviço, o órgão consolide o problema como merecedor de Auxílio Doença normal. Com isso, não se afasta a profissional por tempo indeterminado na condição de Acidente do Trabalho, ampliando consequentemente a referida enfermidade.

Neste processo, o problema aumenta, pois o que poderia ser apenas uma doença menos complexa, acaba evoluindo em questões bem mais graves tanto pela enfermidade, mas ainda pelo problema social. Após a lesão da trabalhadora na maioria dos casos, seja por Ler/Dort e/ou outro tipo de doença, ela perde o emprego e a lesão se torna irreversível. E, para piorar em muitos casos, com este problema, não se consegue um novo emprego diante da enfermidade observada no exame admissional. A realidade demanda que é preciso lutar por um processo preventivo.

“Apesar de alguns avanços em favor das trabalhadoras gráficas através da luta e avanço nas Convenções Coletivas de Trabalho da categoria, é necessário que os nossos sindicatos façam uma reflexão de intensificar uma ação sindical nas empresas para se ter um quadro mais realista dos cenários que afligem as profissionais nas empresas do ramo”, diz Del Roy, ressaltando que esta é e deve ser a melhor das homenagens.

Por outro lado, avalia o dirigente, é necessário e urgente que o temor de um eventual desemprego não seja fator preponderante para silenciar em caso de enfermidade e muito menos de sofrer algum abuso sexual e de violência moral, além de outros fatores de qualquer forma de violência de gênero desenvolvidos no interior das indústrias gráficas do Brasil.

A CONATIG está aberta a participar dessa luta, mas é necessário que os nossos sindicatos se organizem em Comitês de Mulheres para assim organizarem estes e outros indicadores citados, além de outros dados na categoria relativa à problemática de contradições e violências contra as trabalhadoras gráficas.

Mas também é indispensável que as profissionais e sindicalistas façam a sua parte se preocupando com este tema e denunciando todo tipo de abuso sofrido pelas mulheres nas empresas. A partir daí será possível começar a estabelecer uma ação sindical conjunta, objetivando, cada vez mais, fomentar condições em busca da igualdade de gênero e melhorias nas condições da luta diante da violência contra as mulheres.

A CONATIG saúda as mulheres, sobretudo as trabalhadoras gráficas brasileiras e do mundo. “Salve o 8 de Março – Dia Internacional das Mulheres. Por uma ação Sindical constante de nossos sindicatos em defesa de todas as mulheres de nossa categoria”, ratifica o presidente da Confederação dos Gráficos, Leonardo Del Roy.

Histórico

O Dia Internacional da Mulher é uma homenagem a um episódio trágico que aconteceu nos Estados Unidos em 1857, onde as trabalhadoras de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque se rebelaram contra condições de trabalho injustas e impostas. Foi a primeira vez que as mulheres se uniram para reivindicar melhorias. Mas a rebelião foi reprimida de forma violenta, culminando com a morte de 129 tecelãs, que morreram carbonizadas dentro da fábrica. Em 1910 surgiu a ideia de se criar uma data para homenagear essas operárias e marcar o dia de luta feminina. Em 1975 a Assembleia Geral das Organizações das Nações Unidas decretou o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. “Desde então, a data simboliza justamente a luta pela igualdade de direitos de homens e mulheres”, salve as mártires do 8 de março”, frisa Del Roy.
Fonte: Conatig