A orientação da CONATIG aos seus filiados pelo país é uma resposta à orientação da representação patronal, que visa repassar os prejuízos da crise financeira aos trabalhadores. O encaminhamento foi uma sugestão do SINDGRAF-PE, e acolhido pelos demais sindicatos participantes
Diante da ofensiva patronal nas negociações salariais contra os direitos históricos dos gráficos em vários locais do território nacional, orientados pela representação nacional do setor, sob a justificativa da atual crise financeira, a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas (CONATIG) proclamou para dezenas de sindicatos (STIGs) da categoria no país, presentes na Reunião Anual da entidade superior dos trabalhadores, realizada na semana passada no Rio de Janeiro, a orientação para ser seguida pelos sindicatos nas suas respectivas negociações salariais com os empresários. A orientação foi acolhida, de imediato, pelos sindicatos da categoria de todas as regiões brasileiras lá presentes. A intenção é que todos os sindicatos dos trabalhadores gráficos sigam tal posição.
A CONATIG orienta os sindicatos a não aceitarem a retirada de direitos já contidos na Convenção Coletiva de Trabalho de cada local. Também orienta que o reajuste anual salarial não seja feito abaixo da inflação do período. A entidade de classe explica que tais encaminhamentos são necessários para não penalizar ainda mais os trabalhadores diante da crise financeira e alta inflação no Brasil. “Entendemos toda a dificuldade atual enfrentada pela sociedade, inclusive pelos patrões, diante da crise cíclica do capital. No entanto, tal cenário não significa dizer que o nosso trabalhador é que pagará a conta sozinho”, falou o diretor de Relações Sindicais da CONATIG, Iraquitan da Silva, que preside o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Pernambuco (Sindgraf-PE).
Para não pagar tal conta só, o dirigente explica que o trabalhador tem que recompor a defasagem da inflação sobre seu salário nos últimos 12 meses, bem como precisa manter os mesmos direitos já pré-existentes em cada local do Brasil. Essas são as bases da orientação da CONATIG para os sindicatos. O posicionamento é uma reação da entidade obreira nacional dos gráficos contra a orientação dada pela representação dos empresários do setor aos seus associados no país. O cenário indica que haja uma diretriz geral aos patrões cujos têm posto reivindicações nas mesas de negociação para reajustar o salarial abaixo da inflação e de forma parcelada, além de querer a exclusão de direitos em razão dos impactos da crise.
“Não somos favoráveis a redução e retirada de direitos dos gráficos”, endossou Leonardo Del Roy, presidente da CONATIG. O dirigente faz um chamamento para que todos os sindicatos resistam contra tentativas patronais de fragilização dos empregados. Ele alerta que se não houver reação dos sindicalistas, a categoria sucumbirá aos interesses da classe patronal. Por fim, ele lembra que para não sucumbir é necessário ação sindical junto aos trabalhadores da base.
A orientação da CONATIG aos seus filiados pelo país é uma resposta à orientação da representação patronal, e foi uma sugestão do Sindicato dos Trabalhadores Gráficos de Pernambuco (SINDGRAF-PE), que tem sentido os impactos da pressão nacional sobre suas negociações locais. Os demais sindicatos obreiros, presentes no encontro nacional da última semana, disseram sentir iguais efeitos e assim acolheram a proposta e a encaminharam como necessária e positiva para os sindicatos no Brasil.
Na última semana, dezenas de sindicatos de todas as regiões do Brasil já haviam apoiado tal orientação da CONATIG. Entre eles, os sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco, Ceará, Tocantins, Goiás, Pará, além da Federação do Rio Grande do Sul, Federação de Santa Catarina, bem como sindicatos do Estado de São Paulo, como Jundiaí, Santos, Bauru, Sorocaba, Guarulhos, Campinas, Piracicaba, e ainda sindicatos do RS, a exemplo de Lages e Porto Alegre, e sindicatos do RJ, como Niterói, Petrópolis, Volta Redonda, Campos.