SALÁRIO POR FORA, REAJUSTE MENOR DE R$ 1 E O FIM DE DIRETOS DO GRÁFICO
O patronal cearense da categoria resolveu radicalizar. “Eles apostam no ridículo aumento salarial e ainda na retirada de cláusulas da convenção e no fim prático do STIG” diz Rogério Andrade, presidente da entidade
Nesta terça-feira (10), embora seja a 4ª vez este ano que o Sindicato dos donos das gráficas cearenses tratarão da negociação salarial e dos direitos da classe para 2018, a entidade dos trabalhadores (STIG) critica a postura patronal absurda, até então, voltada apenas para destruir uma série de históricos direitos convencionados e até o sindicato da classe. Na terceira e última rodada, por exemplo, mesmo feita por mediação do Ministério do Trabalho, o patronal ofereceu reajuste salarial de 2,07% de forma universal para todas as faixas. Este valor representa somente R$ 0,66 de aumento diário para operadores de Acabamento. E observe que esta foi a ‘menos pior’ entre as proposta feitas pelos patrões na ocasião.
Para Rogério Andrade, presidente do STIG-CE, a estratégia patronal tem sido apostar nos termos da nova lei do Trabalho de Temer e seus deputados federais e senadores aliados. “Aliás, supera o que já é ruim”, enfoca o dirigente. Com isso, o salário está defasado desde janeiro. Há ainda uma real ameaça ao fim de direitos coletivos históricos. E querem também eliminar o próprio STIG, excluindo-o da defesa diária da classe.
O patronal apresentou inclusive mais reivindicações do que todos seus trabalhadores. Desde novembro de 2017, o STIG enviou 33 cláusulas, com base na decisão da categoria durante assembleia, com destaque a proposta que busca minimizar os vários efeitos da nova lei do Trabalho. Os donos das gráficas só aceitaram negociar dois meses depois. “Aliás, sequer viram a pauta, apenas aproveitaram para postergar um pouco mais e depois ainda trouxeram 35 cláusulas deles, frisando a validade de vários itens da nova lei e questões ainda piores”, recorda Andrade.
Na lista de afronta aos direitos históricos dos gráficos do CE, os patrões querem acabar com o sábado livre, deixar de pagar horas extras através do banco de horas, inclusive em domingos e feriados, acabar com a estabilidade do pré aposentado. E ainda elevar a jornada máxima dos gráficos para 12 horas diária, diminuir o intervalo de almoço para meia hora, deixar o gráfico de sobreaviso por até 24 horas, descontar serviços no salário e na rescisão do trabalhador, acabar com toda e qualquer tipo de estabilidade do trabalhador, ter o direito de realizar revista íntima nos trabalhadores, legalizar o trabalhador “faz tudo”, e o “salário por fora”.
Diante da truculência, o Ministério do Trabalho resolveu intervir na última rodada. Pediu que cada cláusula pleiteada pelas partes fosse discutida, como foi feito. Porém, diante da limitação do tempo e da intransigência, não foi o bastante. Embora haja tal nova lei atrasada, o STIG tem feita a comunicação com a classe sobre o absurdo que tem ocorrido e garante que a luta não acabou. O sindicato tem destacado que chegou a “hora de enfrentar os ataques patronais, mesmo que seja necessário mobilizar os trabalhadores para manter os direitos constitucionais e da Convenção Coletiva de Trabalho e conscientizar a classe para manterem o STIG vivo.
A Confederação Nacional dos Gráficos (CONATIG) critica a arbitrariedade patronal contra os trabalhadores e oportunismo de buscar guarida nesta nova lei fascista que teve o condão de afastar os STIGs do direito de proteger os direitos da categoria. E essa não é a primeira que a entidade nacional repudia a postura dos patões gráficos do estado do Ceará. A CONATIG não se furtará de atuar junto ao STIG contra tamanho absurdo. “Reiteramos nosso apoio aos gráficos do CE contra este processo de desvalorização profissional que o patronal tem adotado. Não é suficiente investir no processo tecnológico sem levar em consideração o valor e a relevância dos empregados no processo produtivo da empresa. A classe não pode aceitar”, fala Leonardo Del Roy, presidente da Confederação.
Matéria originalmente publicada no site da Confederação Nacional dos Trabalhadores Gráficos – Conatig.