Comecei a escrever este artigo me perguntando o que devo e como devo falar para os trabalhadores gráficos sobre as nossas perspectivas de avanço salarial e conquistas sociais para este ano, diante da atual realidade política e economia do mundo, do Brasil e de Pernambuco? Foi então que decidi falar sobre tal cenário, incluindo nós trabalhadores na realidade da qual falamos, vivemos e fazemos. Ou seja, listei cada aspecto desta realidade, mostrando ao mesmo tempo, como dentro dela nós gráficos somos vítimas do interesse alheio, para assim entendermos como somos capazes de mudar nossa própria realidade. Vamos a ela…
Primeiro é preciso dizer que as faces perversas do modelo econômico capitalista continuam fazendo vítimas no mundo, e, como bem sabemos, sobretudo sobre os mais pobres financeiramente. Um exemplo bastante atual é o que vem acontecendo com o mundo após a crise econômica de 2008. Esta crise que mostra reflexos negativos até hoje, sobretudo, nas questões sociais, como no mundo do trabalho. Existem 202 milhões de desempregados no Planeta, destes, 74 milhões são jovens de até 25 anos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em países desenvolvidos, a exemplo da França e da Espanha, a taxa de desemprego beira os 56%. E, ainda assim, mostrando incapacidade de resolver os problemas do mundo, a maioria dos governantes adotam políticas públicas com base no modelo neoliberal, “apertando” a vida da população com as ditas medidas de austeridade fiscal. Estas, porém, só para apertar os pobres, flexibilizando seus direitos, como a precarização da relação de trabalho, e o enfraquecimento dos sindicatos, reduzindo o direito de defesa dos seus próprios direitos, através da luta sindical.
Mas, nem tudo no mundo funciona nesta lógica, mesmo com os reflexos das políticas macroeconômicas capitalistas. É preciso fazer uma leitura crítica do mundo para evitar totalizações, ou seja, não botar todos numa cova só. Há experiências diferentes verificadas na América Latina, em países que têm um outro olhar social: o de incluir a povo, ao invés de culpa-lo pela crise do capitalismo. Estes países estão se articulado entre si, a fim de reduzir a desigualdade social. Exemplos podem ser vistos com a criação da União das Nações Sul-Américas, em 2008, além da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, criada em 2010.
O Brasil é um desses paises que tem investido na inclusão social do seu povo, com a valorização do trabalho e do salário mínimo, entre outras políticas públicas. Contudo, muita coisa ainda precisa melhorar, mas, ainda assim, mesmo sob as influências nocisas da crise do capitalismo mundial, o Pais tem uma econômia mais sólida do que as praticadas nos anos de 1990 – tempo quando os princípios políticos adotados eram o do neoliberalismo, com efeitos terríveis para o trabalhador e a população em geral. O Brasil de hoje, mesmo com a crise, continua crescendo economicamente. A taxa de 2013 foi de 2,3%. É ou não é diferente?
Diante dessa breve análise, faz-se necessário lembrar que as eleições se aproximam no Brasil. Aproveito então para dizer aos trabalhadores que o Congresso Nacional, instituiçao que decide todas as leis a todos nós, é formado na sua maioria por parlamentares representantes dos patrões, e adivinham a favor de quem eles vão legislar? Cabe, portanto, a nós gráficos dar um virada nesta história. É preciso eleger quem tem compromisso com a clase trabalhadora, pois, senão, não adianta ficar só reclamando depois. Você é responsável direto por quem quer que lhe represente. São estes políticos que definirão políticas trabalhistas, bem como outras. Contudo, não é à tóa que até hoje políticas conversadoras se mantém na questão previdenciária. E são estas tais forças políticas conversadoras que buscarão seu apoio para se manter e/ou voltar ao poder, a fim de resgatar as políticas neoliberais. Você está de que lado?
Lembremos ainda que Pernambuco cresceu também devido às políticas públicas adotadas no Brasil atual. O índice de crescimento econômico estadual foi de 3,5% em 2013. Neste contexto, entre os anos de 2006 e 2012, o setor gráfico registrou um crescimento de 19,1% na quantidade de trabalhadores, atendendo o incremento produtivo. Então fica evidente que em função da política pública adota por este País, com expressivos reflexos no Estado, o setor gráfico cresceu junto com ele.
Portanto, a moral da história é a seguinte: tudo funciona interligado com você trabalhador. Isto porque é o trabalhador que gira a econômica do mundo, do Brasil, do Estado e das cidades. Isso ocorre porque é você trabalhador que, através de suas mãos, produz fisicamente a riqueza financeira, através do seu trabalho. Ou não é? Assim como também é você trabalhador que escolhe quem vai representa-lo politicamente, com o seu voto. Ou não é? Pense bem e atitude amigos!!!
Vamos juntos, pois assim somos ainda mais fortes. Viva os gráficos!
Por Iraquitan da Silva – presidente do Sindigraf-PE